Quer as crianças lá de casa já se aventurem até à escola na sua própria bicicleta, quer sigam com os pais na cadeirinha, o frio não tem de ser um impedimento. Manter as crianças quentinhas enquanto se pedala ajuda a que fiquem mais motivadas e que comecem a apreciar, também, a atividade ao ar livre mesmo nos dias de inverno.
Muito embora, no caso das crianças, se apliquem muitos dos mesmos princípios para manter os adultos quentes quando andam de bicicleta, é importante antecipar as necessidades dos mais pequenos antes de eles decidirem que, afinal, aquilo não é mesmo para eles. Evitar absolutamente o frio e a chuva quer dizer que, na verdade, não se sai de casa - e, dessa forma, estamos a privar as crianças de uma série de experiências que, parecendo pouco agradáveis à primeira vista, podem acabar por ser divertidas e fazem parte do seu processo de descoberta do mundo e dos elementos.
Aqui ficam algumas dicas para manter os miúdos sempre quentinhos e animados.
A segurança primeiro
Antes de sair porta fora com os miúdos, é importante verificar se as bicicletas (as deles e as nossas, se se estiver a usar uma cadeirinha) estão em perfeitas condições de funcionamento, e devidamente equipadas com luzes nos dias de menor visibilidade. Os guarda-lamas, ainda que não sejam propriamente um acessório de segurança, são importantes para evitar salpicos do chão molhado para cima das crianças. Depois, roupa clara, de cores fortes e luminosas, é a escolha mais do que óbvia no caso de se passar por estradas ou ruas com tráfego automóvel.
Crianças pequenas
No caso de a criança ir sentada numa cadeirinha na bicicleta do pai ou da mãe, não irá gerar ela própria muito calor, pelo que sentirá mais frio do que a pessoa que vai a pedalar. No caso de se fazerem com frequência viagens com vento ou chuva, pode valer a pena investir numa capa ou poncho que cubra a cadeirinha, tendo sempre o cuidado de verificar se não é muito comprida, para não esvoaçar com o vento ou prender nas rodas.
Se tal não for uma opção, deve usar-se roupa impermeável e quente, pois a sensação térmica quando se está ao ar livre e ao vento é sempre mais fria do que a temperatura real. Um bom casaco que sirva tanto para proteger da chuva como do vento deixará as crianças confortáveis - mas deve garantir-se que é largo o suficiente para o caso de ser preciso vestir camadas extra, conforme a temperatura seja mais ou menos baixa. Outra boa opção é um macacão de material térmico/impermeável.
Cabeça e mãos
As luvas que cobrem a mão toda são mais indicadas do que as que têm dedos separados, porque são mais confortáveis e permitem reter melhor o calor. É uma boa ideia prender um fio a cada uma das luvas, e fazê-lo passar pelos braços por dentro do casaco, de forma a que a criança não as perca durante a viagem.
No caso de se transportar a criança num reboque, um bom gorro de lã é indispensável para proteger a cabeça do frio. Mas se for numa cadeirinha, precisa de usar um capacete, e aí as opções terão de ter isso em conta. Existem chapéus e capas para cobrir o capacete, de forma a proteger a cabeça do frio e reter o calor. Ou então, pode usar-se um gorro térmico que seja suficientemente fino para usar o capacete por cima.
Pés
Deve procurar-se que os pés das crianças estejam expostos ao frio o mínimo possível, optando por calçado quente e que proteja não só os pés como os tornozelos. No caso de estar a usar um macacão, a criança já terá provavelmente os pés protegidos, mas é sempre bom ser criativo para garantir que o frio não entra - com meias de lã, perneiras - e o pequenote continua confortável.
Crianças mais velhas
No caso das crianças mais velhas, que já usam a sua própria bicicleta, estas estão de certo modo mais expostas aos elementos. Para as proteger do frio, devem usar-se as mesmas estratégias e princípios que aplicamos a nós próprios para nos mantermos quentes. Por exemplo, com tempo chuvoso, deve evitar-se usar roupa de algodão, e preferir antes lã ou materiais sintéticos, que não ensopam tão facilmente e não retêm a humidade.
Vestir camadas é a melhor forma de manter o calor corporal, e estas devem ser rematadas com um casaco leve e impermeável. Eventualmente, juntar também umas calças impermeáveis.
Ao mesmo tempo, convém verificar se a criança não está demasiado vestida, ou seja, se não se exagerou na proteção. Isto porque as crianças têm tendência para os picos de energia e, no caso de pedalarem rapidamente e suarem devido ao excesso de roupa, depois pode haver uma descida da temperatura corporal.
Luvas quentes, luvas térmicas interiores e um par extra de luvas e de meias na mochila podem ser de grande utilidade num dia mais frio. Outros complementos, como gorro, cachecol ou uma gola para proteger pescoço e cara são boas opções para manter os miúdos quentes enquanto pedalam. Para manter os pés secos em tempo de chuva, escolher um calçado quente e resistente à água ou, eventualmente, umas capas impermeáveis. Para manter os pés quentes, umas meias de lã (ou mesmo dois pares) são uma opção segura.
Apreciar as coisas boas
Sair para pedalar com as crianças em dias frios pode parecer uma atividade complexa ao início, especialmente se os miúdos começaram a andar de bicicleta durante os dias quentes e convidativos de verão. Mas, gradualmente, eles ir-se-ão habituando ao processo e ao equipamento necessário - sendo que equipamento, neste caso, mais não é do que roupa quente e/ou impermeável. Em pouco tempo as rotinas serão fáceis, os elementos já não intimidam e, por altura da primavera, os miúdos já estarão a encarar o pedalar ao frio com toda a naturalidade.
Há um grande prazer em observar as estações e a natureza a mudarem a partir de uma bicicleta, e é algo que pais e crianças podem fazer juntos, vendo o mundo em redor, espicaçando a curiosidade, independentemente de o termóstato nesse dia estar mais desafiante. Desde que as crianças estejam bem agasalhadas e protegidas, irão apreciar esses momentos. E que melhor forma de terminar uma volta de bicicleta com os miúdos do que bebendo um chocolate quentinho ao chegar a casa?
Andar de bicicleta é, por muitas razões, uma das melhores atividades para se fazer em família. Desde logo, o facto de ser acessível a todas as idades, e depois, porque faz despertar a nossa criança interior - pedalar encoraja o sentido de aventura e de exploração, e é uma excelente forma de criar memórias em conjunto. O ar fresco e o exercício também fazem com que todos se sintam mais saudáveis e felizes. Por isso… preparados para reunir toda a gente e ir dar um passeio? Aqui ficam algumas ideias para assegurar que, neste verão, o pessoal lá de casa passa mais tempo em cima da bicicleta.
Planear um passeio a um local interessante/divertido
Se os miúdos precisam de uma motivação extra para pegarem nas bicicletas, não há mal nenhum em prometer uma pequena recompensa, um pouco como aquela história da cenoura à frente do burro. Pode-se pesquisar percursos com locais de paragem onde exista algo divertido para as crianças fazerem ¬¬- por vezes basta um parque onde existam gelados, por exemplo. Geralmente, só o facto de se conseguir levar toda a gente a sair de casa já é meia vitória. Quando estiverem no exterior, em pleno passeio, o mais certo é as crianças ficarem mais entusiasmadas e até quererem pedalar mais do que inicialmente previsto.
Participar num evento pop-up
Com o país a desconfinar gradualmente, rumo a uma vida mais "normal", seguramente que haverá mais oportunidade de participar em eventos e passeios organizados. Faz uma pesquisa sobre os eventos que irão acontecer na tua área de residência, ou entra em contacto com lojas e associações de bicicletas para descobrir se há eventos planeados para os próximos meses. Os passeios de grupo e encontros de ciclistas de todas as espécies são boas formas de estimular o interesse pela bicicleta, e são mais uma boa desculpa para sair de casa e pedalar.
Ser mais hábil em cima da bicicleta
Durante a busca de eventos e encontros para participar neste verão, talvez te depares com workshops ou formações sobre segurança, condução em cidade, mecânica básica, etc. Inscreve-te nessas atividades, pois são uma boa forma de melhorares as tuas competências relacionadas com a bicicleta. Um dos principais obstáculos a que as pessoas usem mais a bicicleta é, geralmente, a preocupação com questões de segurança. Para ajudar a que toda a família se sinta mais confiante em cima de duas rodas, investe algum tempo a aprender as melhores práticas, as regras da estrada e manutenção básica da bicicleta. Se não houver nada a acontecer na zona onde vives, não te esqueças que há um mundo de webinars à tua espera na Internet.
Definir um sistema de comunicação
Para os ciclistas de pernas mais pequenas, as crianças da família, o medo de ficar para trás durante o passeio pode ser desencorajador. Para que todos se sintam à vontade e motivados durante o percurso, é vantajoso definir de antemão um simples sistema de comunicação entre os participantes. Mantenham-se juntos enquanto pedalam e definam um sinal para indicar quando alguém precisa de fazer uma passa.
Decorar as bicicletas
Dependendo das idades dos elementos da família, e também da sua veia criativa, pode ser divertido fazer um concurso de decoração de bicicletas - é mais uma forma de criar uma relação emocional com a bicicleta. Há coisas simples que podem ser feitas em casa e que não danificam a pintura das bicicletas, como colocar adereços coloridos ou autocolantes.
Estabelecer um objetivo familiar
Se costumas andar de bicicleta a um nível mais "pro", sabes que definir objetivos ajuda a manter o nível de motivação. Mas para lá das tuas próprias metas pessoais, podes usar a mesma lógica para fazer com que a família fique excitada com um passeio de bicicleta. Estabelece um número de quilómetros que desejas pedalar com a família e planeia uma recompensa final, como uma ida a um restaurante preferido ou ao cinema. Em alternativa, podes pensar num determinado percurso que gostarias de descobrir em grupo, ou uma competência que um dos membros da família gostaria de melhorar ¬¬¬- aprender a remendar furos ou usar melhor as mudanças, por exemplo.
Experimentar uma forma diferente de pedalar
É importante permitir que cada membro da família descubra o seu próprio estilo em cima da bicicleta - é uma forma de eles não sentirem que lhes estás a impor as tuas próprias preferências. Experimenta misturar um pouco as coisas fazendo uma visita a um skate park que permita bicicletas, visitando um velódromo ou percorrendo um trilho de BTT, para que sintam que há diferentes formas de desfrutar da bicicleta.
Rebocar as crianças
Se os mais pequenos sentem alguma dificuldade em se aguentar muito tempo em cima das bicicletas, podem à mesma fazer parte da ação se forem transportados num atrelado/reboque preso à bicicleta de um adulto. Desta forma, ganham na mesma o gosto pelos passeios em bicicleta e, em breve, vão eles mesmos querer também pedalar pelos seus próprios meios.
Planear uma caça ao tesouro em duas rodas
Tendo o tempo e a energia necessários, porque não planear uma atividade divertida - por exemplo, para assinalar um aniversário - e fazer um passeio de bicicleta que é, na verdade, uma caça ao tesouro? Pode recorrer-se a pontos de interesse da paisagem, objetos e elementos da natureza para servirem de marcos ao longo do percurso, e fazer uma lista de locais por onde toda a família deve passar ao procurar as pistas. Pode mesmo fazer-se um mapa do tesouro engraçado e, claro, preparar uma recompensa para os vencedores.
Estar preparado
A principal forma de assegurar que toda a família aprecia o passeio e se diverte a pedalar é... levar comida. E água, claro, para que todos estejam sempre bem hidratados. As crianças, em especial, ficam birrentas se não têm comida por perto, por isso que tal planear um pic-nic para fazer durante o passeio? A comida pode ser devidamente acondicionada num cesto ou alforge para transportar na bicicleta, e é sem dúvida uma boa forma de aproveitar ao máximo o dia, parando onde e quando for mais conveniente, num sítio agradável, para almoçar. Coisas essenciais que também não convém esquecer: protetor solar, casaco/impermeável (para o caso de arrefecer ou chover). E é sempre bom ter um plano B, saber se existe forma de regressar de transportes públicos, caso os elementos não ajudem e a família for surpreendida por uma grande chuvada, por exemplo.
Lembra-te: a ideia é criar boas memórias juntos, pelo que quanto mais agradável for a experiência, mas entusiasmada ficará a família por fazer mais passeios no futuro.
Diariamente, há pessoas que ficam à beira de pequenos ataques de nervos à conta da rotina de levarem os filhos à escola de carro. O problema é mais agudo nos meios urbanos, onde o stress, o trânsito caótico e o estacionamento, geralmente em segunda fila, formam uma combinação muito pouco zen e nada saudável. Mas a verdade é que não tem de ser assim. E se, no próximo ano letivo... os miúdos fossem para a escola de bicicleta?
Numa tira de BD de Yehuda Moon - uma personagem que gere uma loja de bicicletas, criada pelo norte-americano Rick Smith - desenrola-se o seguinte diálogo: uma criança, montada na sua pequena bicicleta, pergunta à mãe se pode ir a pedalar para a escola, ao que a mãe responde que não, pois há muitos carros e não é seguro. O miúdo exprime um lamento, resignado. Nisto, Yehuda Moon intervém. "Nesse período do dia, a maior parte dos carros na estrada são de pais a levar as crianças à escola..." Ao que mãe da criança pergunta: "E o teu ponto é...?" E Yehuda Moon responde: "Esse mesmo."
Explicar uma piada é sempre a melhor forma de matar a piada, mas é mesmo isso: a razão por que existem tantos carros na estrada junto às escolas de manhã e ao final do dia, o que potencialmente torna as zonas inseguras para as crianças - quer as que andam a pé, quer as que eventualmente desejem ir de bicicleta - é precisamente a invasão diária de pais a levar os seus filhos à escola de carro. É a tal velha máxima conhecida no meio do ciclismo urbano: se te queixas de estar parado no trânsito, é porque fazes parte do trânsito.
Em algumas regiões do país, ir para a escola de bicicleta sempre foi normal - na zona de Aveiro, por exemplo, a bicicleta é bastante usada por miúdos e graúdos. Mas os grandes centros urbanos foram-se desenvolvendo nas últimas décadas no sentido de não só facilitar e incentivar o uso do automóvel como, veja-se o absurdo da coisa, de dificultar a mobilidade a pé, de bicicleta e, em alguns casos, mesmo de transportes públicos. As crianças deixaram de frequentar o espaço público, os pais começaram a considerar ser mais rápido e prático assumirem a função de motoristas e, desta forma, o meio envolvente tornou-se de facto hostil para uma criança que queira andar de bicicleta.
Mas essa é uma realidade que pode muito bem vir a mudar. Aliás, já está a mudar. Em diversas cidades do país, os "comboios de bicicletas" têm vindo a tornar-se uma realidade, permitindo que pelo menos durante alguns dias da semana as crianças façam o percurso casa-escola de bicicleta em segurança, acompanhadas de outras crianças e de adultos. Mas já lá vamos. Antes, vamos ver algumas questões que preocupam os pais. É seguro? A partir de que idade pode a criança ir de bicicleta? E o que é que a criança ganha com isso?
Crianças mais presentes na comunidade
Claro que irá sempre haver pais que nunca, mas nunca, nem por sombras, deixarão que as suas crianças pedalem até à escola. Quer seja por limitações pessoais (a distância ou obstáculos intransponíveis), quer seja pela sensação esmagadora de insegurança ou proteção excessiva, muitos nem sequer colocarão essa hipótese.
Mas muitos outros pensarão nisso, precisamente pelos benefícios de socialização e independência que estão associados. As crianças e adolescentes que residem relativamente perto das escolas que frequentam adquirem uma vivência diferente da comunidade em que vivem quando passam a deslocar-se de bicicleta. Passam a conhecer as ruas, as lojas e as pessoas que fazem parte dessa comunidade. Ganham resistência física e mental. Descobrem que o mundo visto de cima de uma bicicleta é mais interessante e diverso do que o mundo visto a partir da janela de um carro.
De acordo com estudos levados a cabo em algumas cidades europeias, as crianças que são levadas de carro para a escola diariamente passam cerca de duas horas e meia por semana dentro do automóvel. E se pensarmos que grande parte do tempo livre é depois passado em casa, em vez de a fazer atividades ao ar livre, torna-se ainda mais relevante que essas duas horas e meia possam ser usadas de outra forma. Pedalar, à semelhança de outras atividades desportivas, melhora a resistência óssea e muscular, apura os reflexos e, de forma geral, aumenta a boa disposição. E crianças saudáveis e felizes é sempre um bom objetivo, certo?
Qual é a altura certa para começar?
Apesar de aos 5 ou 6 anos as crianças já conseguirem usar uma bicicleta sem problemas, não será de modo algum responsável deixá-las irem sozinhas de bicicleta até à escola.
Geralmente, é partir dos 8 ou 9 anos que as crianças têm mais independência e sentido de responsabilidade, bem como sentido de orientação, podendo fazer determinados percursos sem supervisão - ajudará a existência de ciclovias ou de ruas com pouco ou nenhum trânsito automóvel. Em Portugal, as crianças até 10 anos podem circular de bicicleta nos passeios, o que em certas zonas urbanas será sem dúvida a opção mais segura. Nestes tempos de tecnologia-em-todo-o-lado, desde as aulas digitais ao entretenimento que envolve tablets e smartphones, o facto de uma criança passar a usar a bicicleta como meio de transporte também ajuda à concentração e aumenta a destreza manual, auditiva e visual.
Como preparar a criança para pedalar até à escola?
Para alguns pais, este processo pode começar ainda antes dos 8 anos, aos 2 ou 3 anos, numa altura em que eles próprios vão de bicicleta deixar os filhos no infantário. Crianças que aprendem a fazer o percurso até à escola a partir de uma cadeirinha ou atrelado, conduzidas pelo pai ou pela mãe, estarão bastante mais disponíveis e preparadas para começarem elas próprias a pedalar.
A partir do momento em que pais e criança decidem que querem experimentar uma nova rotina, o ideal é que de início o pai ou a mãe acompanhem a criança, pedalando juntos durante o percurso até à escola, escolhendo o caminho mais seguro e chamando a atenção para potenciais obstáculos ou zonas problemáticas. Se na escola não o tiverem feito, será essencial transmitir à criança algumas noções de segurança rodoviária, ensinar os sinais e regras de trânsito, bem como as regras específicas relacionadas com o uso da bicicleta, formas de sinalização manual, etc.
À medida que a criança for crescendo e estiver familiarizada com todo o processo, ou se estiver já na pré-adolescência e tiver a autonomia e confiança suficientes para fazer o percurso sozinho, é igualmente importante transmitir-lhe noções de como prender/parquear a bicicleta em segurança, usar luzes e capacete, etc.
Todos a bordo do comboio de bicicletas!
Nos últimos tempos, muitas escolas começaram a dinamizar os chamados comboios de bicicletas (ou ciclo expressos), em articulação com os pais e autarquias. Mas o que são, ao certo? Trata-se, simplesmente, de um grupo de crianças que vão para a escola de bicicleta, acompanhadas por adultos/monitores. Os "comboios" têm um percurso e horário definidos, e podem ser organizados diariamente ou em dias específicos da semana.
As condições essenciais são já saber andar de bicicleta e ter bicicleta própria. As crianças circulam sempre com o acompanhamento de um adulto para cada quatro crianças, sendo que muitas vezes existem voluntários e membros da comunidade que ajudam a assegurar as condições de segurança.
Pelo país são já várias as cidades/localidades onde existem exemplos de comboios de bicicletas a funcionar regularmente - Aveiro, Lisboa, Alfragide, Alverca, entre outras. Que tal começar já a pensar no próximo ano letivo e desafiar a escola do bairro a dinamizar um comboio de bicicletas?
Viajar de bicicleta é uma forma diferente de descobrir o mundo e a natureza, percorrer caminhos alternativos e apreciar as pequenas conquistas. Mas será possível pensar nesse género de aventuras com filhos pequenos? Não serão mais os obstáculos e as dificuldades do que o prazer que se retira da viagem? Com os equipamentos e a atitude certa, viajar de bicicleta com toda a família pode na verdade ser uma experiência bastante divertida. E inesquecível para os miúdos.
Escolher a configuração de bicicleta mais adequada
Viajar de bicicleta com crianças implica, antes de mais, escolher a melhor forma de o fazer - isto é, que tipo de atrelado ou bagagem levar, uma vez que isso dependerá da idade e do tamanho das crianças. Se os miúdos são muito pequenos, o melhor será usar um atrelado ou reboque próprio para bicicleta. Ao acoplar um atrelado, talvez seja mais complicado usar os modelos de alforge que se prendem ao selim, e que dão bastante jeito em viagem, mas existem alforge que se podem prender ao próprio atrelado.
No caso de as crianças já serem suficiente crescidas para pedalar, mas ainda usarem bicicletas pequenas, existem algumas opções interessantes. Para viagens mais longas, pode usar-se uma bicicleta de criança que se prende com uma barra de reboque à bicicleta do adulto. Assim, a criança pode pedalar durante algum tempo e sentir-se parte da viagem, mas pode também ser puxada em distâncias maiores quando estiver cansada. No caso de crianças um pouco mais velhas (10-12 anos), podem já usar a bicicleta de forma autónoma, e até começar a transportar alguma carga ligeira.
Começar com percursos curtos
É muito importante não exagerar nas distâncias, caso contrário, a criança irá sentir-se cansada e saturada, e vai começar a testar a paciência dos pais. Nas primeiras viagens, deve escolher-se distâncias que os miúdos possam fazer sem grande dificuldade, e deixar que sejam eles a pedir para pedalar mais, se o desejarem. De preferência, os percursos devem ser planos, e tanto quanto possível, com a possibilidade de recorrer a um transporte público nas redondezas - com crianças é sempre bom ter um plano B, se for necessário abreviar a viagem. Escolher um percurso numa ecopista, por exemplo, é um bom ponto de partida, pois haverá na maioria dos casos estações de comboio por perto.
Ter surpresas durante o percurso
As crianças adoram brincadeira e a sua capacidade de concentração é relativamente pequena. E o mesmo acontece quando andam de bicicleta. Por isso, é importante juntar alguma diversão aos dias de viagem, com atividades extra. Durante as paragens, é bom dar-lhes algo diferente para fazerem, para manter a curiosidade e o interesse na aventura. Seja brincar num parque, comer uma guloseima ou, no caso de não haver estes recursos durante o caminho, criar atividades divertidas relacionadas com a natureza - observar e identificar plantas, pequenas caças ao tesouro, nadar numa praia fluvial… De cada vez que retomarem viagem, já se deve ter em mente uma atividade para fazer na próxima paragem, para que os miúdos continuem motivados.
Nunca deixar as crianças ficarem com fome
Alimentar as crianças com snacks ao longo do percurso é fundamental. Não se deve esperar que elas fiquem com fome, pois aí já elas estarão rabugentas e frustradas, colocando em causa o objetivo da viagem. Snacks saudáveis, fruta, e muita água devem fazer parte da bagagem, e estar sempre acessíveis em todas as pausas.
Não sobrecarregar a bicicleta
Viajar de bicicleta com crianças não só vai testar a nossa paciência, mas também as pernas! É importante fazer com que os miúdos transportem algumas coisas, para se sentirem um pouco mais crescidos e responsáveis, mas não se deve sobrecarregar as suas bicicletas, ou o peso vai fazer com que fiquem desmotivados - e eventualmente teremos de ser nós a carregar também essa bagagem. O que é que os miúdos devem então transportar? No caso de crianças mais pequenas, nada muito pesado - os snacks, por exemplo. As crianças mais crescidas podem transportar as suas roupas num pequeno alforge. Deve-se relembrar que a bicicleta pode ter um comportamento diferente quando tem mais peso em cima, e explicar-lhes como evitar quedas.
Respeitar o ritmo deles
As crianças são criaturas de hábitos, e devemos lembrar-nos disso também numa viagem que dure vários dias. A parte do sono é fundamental. Deve-se tentar manter as mesmas rotinas e horários de sono, para que acordem descansados e bem-dispostos no dia seguinte. Claro que pode haver um dia mais flexível, mas se as regras forem constantemente quebradas, isso pode comprometer a viagem. Se for necessário parar para manter a rotina da sesta, o plano de viagem deve prever isso.
Saber como lidam com o campismo
Antes de iniciar uma viagem de vários dias que inclua dormidas em modo campismo, convém perceber como é que a criança lida com o facto de dormir numa tenda. Claro que pode parecer divertido na cabeça delas, mas é diferente dormir numa tenda montada na sala e numa tenda ao ar livre. Se a criança nunca acampou antes, será bom passar antes por essa experiência, para perceber como lida com o saco-cama, com os mosquitos, com as idas à casa de banho, etc.
Pensos rápidos coloridos e divertidos
As crianças caem. Umas mais do que outras, mas acontece. Por isso, nada como estar preparado para as eventualidades com um kit de primeiros socorros que inclua pensos rápidos com bonecos ou padrões divertidos: isso irá distraí-los da dor. E, mais tarde, eles poderão contar aos amigos da escola como foram valentes durante a sua aventura!
Tendo estes conselhos em consideração, agora só falta planear a viagem em família. E criar memórias incríveis nas mentes dos miúdos, que serão o ciclistas de amanhã.
Uma das melhores terapias que podemos proporcionar a nós próprios é pegar na bicicleta e fazer uma viagem pelo meio da natureza. E numa altura em que o nosso corpo - mas sobretudo a nossa mente - precisa de desconfinar em segurança, sugerimos alguns percursos para fazer de bicicleta, por cinco das mais bonitas ecopistas de Portugal. Aproveite que os dias estão maiores e mais amenos e parta à descoberta, com amigos ou em família.
De norte a sul, Portugal está repleto de percursos maravilhosos, que merecem ser apreciados devagar, ao ritmo de quem pedala para descobrir, e não necessariamente para chegar rapidamente ao destino. Num país tão cheio de contrastes, o difícil é saber por onde começar a aventura. Escolhemos cinco ecopistas com extensões e graus de dificuldade variáveis, mas que são perfeitamente compatíveis com todas as idades e condições físicas. E dado que são ecopistas, os percursos são praticamente planos. Como assim? Já explicamos... Antes de irmos às sugestões, aproveitamos então para revelar a diferença entre ciclovia, ecovia e ecopista, para percebermos exatamente de que tipo de percurso estamos a falar.
Ciclovia
Uma ciclovia ou pista ciclável é uma via de piso regular reservada especificamente para a circulação de pessoas utilizando bicicletas/velocípedes.
Ecovia
Tratam-se de infraestruturas destinadas à circulação a pé e/ou em bicicleta e que têm como principal característica a ligação - tanto a nível local como regional - entre áreas de interesse ambiental.
Ecopista
Ecopista ou Pista Verde é a designação portuguesa atribuída aos percursos que utilizam caminhos, canais e vias ferroviárias desativadas. Existem ecopistas em diversas regiões do território continental, potenciando a criação de uma rede ou sistema nacional de passeios na natureza e, por vezes, também em meio urbano - o Plano Nacional de Ecopistas foi criado em 2001 pela REFER e continua em expansão. As ecopistas são assim concebidas como percursos na natureza, uma vez que os antigos ramais ferroviários percorrem, de uma forma geral, zonas rurais ou naturais com interesse paisagístico, sendo o seu piso permeável, de terra batida ou saibro, para manter essa característica de caminho rural. São percursos contínuos, seguros, e com elevação mínima, que podem ser usufruídos por todas as pessoas.
Ecopista do Rio Minho
Localização: Trajeto entre Valença e Monção
Extensão:14,9 km
O ramal ferroviário que ligava Valença a Monção foi desativado há vários anos, pelo que, em 2004, estes municípios se juntaram para abrir uma ecopista dedicada ao cicloturismo e aos passeios pedonais. A ecopista acompanha o percurso do rio Minho, aproveitando a antiga linha de comboios, e encontra-se rodeada de magníficas panorâmicas de vinhedos e também da vizinha Galiza. O trajeto está ainda pontuado por vários painéis interpretativos, que ajudam a conhecer a fauna e a flora da região.
Ecopista da Linha do Tâmega
Localização: Trajeto entre Amarante e Arco de Baúlhe
Extensão: 39 km
A Ecopista do Tâmega liga Amarante a Arco de Baúlhe, passando por Celorico de Basto. Foi construída aproveitando o canal do caminho-de-ferro da antiga Linha do Tâmega, pelo que o percurso é praticamente plano ao longo dos seus 39 quilómetros, rodeado de belas paisagens vinícolas e cenários naturais de enorme beleza. A estação de Celorico de Basto é o ponto central da ecopista, incluindo um núcleo interpretativo e uma pousada de juventude. Na estação do Arco de Baúlhe existe um núcleo museológico
Ecopista do Sabor
Localização: Trajetos de Pocinho a Carviçais e de Sendim a Duas Igrejas
Extensão: 48 km (34 km de Pocinho a Carviçais e 14 km de Sendim a Duas Igrejas)
A Ecopista do Sabor aproveita resulta do aproveitamento da antiga linha de caminho-de-ferro, no troço entre a margem norte do Rio Douro, no Pocinho, e Carviçais. Da ecopista vislumbra-se uma paisagem maravilhosa sobre o Rio Douro, Torre de Moncorvo, o Vale do Sabor e Serra do Reboredo, entre muitos outros cenários naturais típicos do Alto Douro Vinhateiro.
Ecopista do Dão
Localização: Trajeto entre Santa Comba Dão e Viseu
Extensão: 49,2 km
A Ecopista do Dão é a mais longa do país, com uma extensão de 49,2 quilómetros. O percurso começa em Santa Comba Dão, junto à margem do rio Dão e do seu afluente, o rio Paiva. Trata-se de um caminho que percorre a antiga linha de comboios, seguindo o curso do rio e as suas curvas, tendo sempre como paisagem de fundo a natureza típica da região. Faz a ligação entre os concelhos de Dão, Tondela e Viseu.
Ecopista de Mora
Localização: Trajeto entre Évora e Mora
Extensão: 40,73 km
O Ramal de Mora era um prolongamento da linha de caminho-de-ferro de Évora até ao concelho de Mora (via Arraiolos), tendo sido transformado num percurso pedonal e ciclável em parceria com as autarquias de Évora, Arraiolos e Mora. Atualmente ainda não é possível percorrê-lo na totalidade, faltando a requalificação de alguns troços, tanto no concelho de Arraiolos como no de Mora. Quando estiver terminada, a ecopista terá uma extensão aproximada de 60 quilómetros e será a maior do país. Estas são apenas cinco sugestões para aguçar o apetite, mas existem muitos outros percursos para descobrir, e começar a conhecer o país da melhor forma possível: de bicicleta.
Pode ser difícil de embrulhar e colocar debaixo da árvore, mas seja qual for a idade da criança, nada se compara ao sorriso e à alegria de receber a primeira bicicleta. Não é apenas um brinquedo: é um mundo de possibilidades que se abre. Não há nada que se lhe compare.
1. É algo que não vai passar de moda Pode ser mais desportiva ou mais clássica, mais ou menos colorida, mas a bicicleta em si é uma máquina espetacular que nunca passa de moda e atravessa gerações.
2. É uma fonte de diversão Assim que se aprende a pedalar, não se quer outra coisa. A bicicleta é uma fonte de entretenimento incrível.
3. É uma forma de fazer exercício Além de ser uma oportunidade para sair de casa e estar ao ar livre, andar de bicicleta é uma maneira de exercitar a criança e gastar as energias.
4. Permite aprender algo novo Muito importante: aprender a andar de bicicleta é ganhar uma nova competência física e social que fica para o resto da vida.
5. Possibilita fazer passeios mais longos Já não é preciso ficarem-se pelas ruas do bairro: com a bicicleta a criança já pode participar em passeios mais longos e acompanhar os pais por alguns quilómetros.
6. É um presente que vai recordar para o resto da vida Pensa na tua própria experiência. Não ficas com um sorriso nos lábios quando te recordas da tua primeira bicicleta? Pois...
7. Promove o sentido de independência De repente, a criança percebe que consegue, sozinha, fazer movimentar a bicicleta. Já não precisa dos pais para a transportarem. A bicicleta fá-la sentir-se independente.
8. Vai passar menos tempo a ver TV e a jogar no computador Sendo uma nova fonte de diversão, e uma que promove um estilo de vida mais saudável, a bicicleta é uma razão para estar menos tempo a olhar para ecrãs.
9. Ajuda a fazer amigos Depois de se ganhar uma bicicleta e aprender a pedalar, há mais um tema de conversa com as outras crianças no parque. Quem é que consegue pedalar mais rápido?
10. Percebe que há outras formas de mobilidade Num mundo dominado por carros, onde as cidades nem sempre são pensadas de forma sustentável, é importante incutir desde cedo formas alternativas de mobilidade e mostrar que a bicicleta é um meio de transporte muito versátil.
Aprender a andar de bicicleta é um momento marcante na vida de qualquer criança. Mas essa emoção e sentimento de liberdade não têm de ficar reservados para os passeios. Há livros maravilhosos em que a bicicleta é a protagonista ou uma parte fundamental da narrativa, e que vão fazer as delícias dos mais pequenos. Afinal de contas, a bicicleta vai onde nos levar a imaginação.
Ao Longo da Longa Estrada
Frank Viva
Um livro bastante divertido para os mais pequeninos, que aqui descobrem as palavras e os movimentos através da bicicleta.
Eu, Alfonsina
Joana Negrescolor
A história de Alfonsina Strada, a primeira mulher a participar no Giro d'Italia, em 1924 e que ficou conhecida como 'A Rainha do Pedal'.
Martine Anda de Bicicleta
Gilbert Delahaye
Aquela que várias gerações conheceram como Anita é agora Martine, e está muito crescida para o triciclo, e por isso o avô oferece-lhe uma bicicleta nova.
A Avó que Percorreu o Mundo de Bicicleta
Gabri Ródenas
Uma história mágica sobre uma avozinha que pedala diariamente muitos quilómetros para levar doces e alegria a algumas crianças.
O Rapaz da Bicicleta Azul
Álvaro Magalhães
Um dia, o João montou na sua bicicleta e, devagar, pedalou e percebeu que com ela podia ir onde quisesse, descobrir novos sítios e sentir-se livre.
O Meu Primeiro Livro de Bicicletas
Catarina Freitas, Miguel Castro, Pedro Machado
Tudo o que os mais pequenos precisam de saber sobre a bicicleta: a história, os componentes, os benefícios de pedalar e as principais regras de trânsito.
O Que Há Neste Lugar?
Maria Manuel Pedrosa
Um livro que não é sobre bicicletas, mas que estimula os mais jovens a descobrir o mundo em redor, a observar e a explorar a paisagem, a sentir o que não se vê. Se for de bicicleta, tanto melhor!
Se para os homens não há qualquer dúvida quanto aos benefícios de usar a bicicleta, seja para treinar ou como meio de transporte, neste campo a biologia prega uma rasteira às mulheres. Quando se engravida, surge de imediato uma mão-cheia de mitos, ideias pré-concebidas, opiniões e, sobretudo, informação contraditória. Afinal, é ou não seguro para a futura mãe e para o bebé continuar a pedalar?
Longe vão os tempos em que ver uma mulher andar de bicicleta era não só considerado imoral como perigoso, dada a sua "natureza delicada". Não só vivemos numa época em que o mais correto é promover a igualdade, como está mais do que comprovado que o uso da bicicleta, seja enquanto desporto ou como forma de locomoção, é uma prática salutar para o corpo e para a mente. No entanto, a gravidez é, quer queiramos quer não, um momento de grandes mudanças no corpo de uma mulher. Os comportamentos do dia-a-dia, os hábitos sociais e alimentares têm influência no desenvolvimento do feto, e a sociedade em geral tem sempre uma palavra a dizer acerca daquilo que uma mulher grávida pode e deve ou não fazer. No entanto, qualquer mulher que goste de andar de bicicleta e que entretanto fique grávida é de repente assolada por estas dúvidas: "Será que é seguro? Será desconfortável? Não vou prejudicar o bebé? E até que altura posso andar de bicicleta?"
A pergunta certa é "porque não"?
Quando se preza um estilo de vida saudável, e quando a bicicleta já faz parte do nosso dia-a-dia, será justo privarmo-nos durante nove meses de algo que nos faz bem ao corpo e à mente? De acordo com as opiniões médicas em diversos estudos levados a cabo sobre este tema, andar de bicicleta quando se está grávida não é em si mesmo um risco. Embora a mulher deva estar consciente do seu próprio estado de saúde, das suas capacidades e potenciais vulnerabilidades. O primeiro trimestre da gravidez, por exemplo, é um período bastante propenso a enjoos, tonturas e possível perda de equilíbrio. É também um período em que a mulher está a aprender a lidar com mudanças hormonais intensas e, por isso, deve estar consciente de que essas alterações poderão influenciar toda a sua perceção e bem-estar geral. É, por isso, importante ouvir o nosso próprio corpo. Claro que andar de bicicleta pode até contribuir para manter a forma física, espairecer, apanhar ar e relaxar numa altura de grandes mudanças emocionais. Mas ao mínimo sinal de indisposição ou falta de equilíbrio, deve-se parar e sair da bicicleta. A fim de evitar estes problemas deve-se beber água, manter-se hidratada e não fazer esforços muito intensos na bicicleta.
Benefícios e riscos
Há, claro, muitos benefícios em continuar a pedalar, nomeadamente, a manutenção da forma física, evitar o excesso de peso e fortalecer os músculos de forma geral. Caso não haja nenhuma questão de saúde impeditiva, nem qualquer contraindicação do médico que faz o acompanhamento, com as devidas cautelas pode-se pedalar durante toda a gravidez. Isto, se já se pedalava regularmente antes de engravidar. Se não se tem experiência nem o hábito de andar de bicicleta, talvez não seja agora a melhor altura de o começar a fazer, pois o stress de lidar com uma nova situação não te fará bem, nem ao bebé. Portanto, pode ser até benéfico não quebrar com as rotinas e hábitos anteriores, a fim de manter o bem-estar emocional. Fisicamente, pedalar pode mesmo ajudar a aliviar problemas tão comuns da gravidez como ter as pernas e os pés inchados. Mas há que ter em conta que no terceiro trimestre andar de bicicleta pode tornar-se mais complicado. Não porque seja prejudicial para a criança, mas porque pode ser desconfortável para a mulher grávida pedalar com uma barriga enorme. O centro de gravidade é agora outro, pelo que manter o equilíbrio pode ser um desafio. O risco de quedas é maior, pelo que se quiser continuar a pedalar num estado de gravidez avançado, deve-se redobrar a segurança e, se possível, evitar caminhos esburacados e/ou com muito trânsito. Nesta fase, uma queda pode ser bastante prejudicial, pois um impacto no abdómen pode causar hemorragias e afetar a placenta, provocando traumas ao bebé.
Eis algumas recomendações, a fim de tornar as viagens de bicicleta mais confortáveis e seguras:
Adapta a bicicleta para que possas sentar-te mais direita e ter espaço para a barriga que continua a crescer. Se possível, instala um guiador mais elevado.
Opta por um selim mais largo para teres mais apoio e te sentires mais confortável.
Se sentes que o teu equilíbrio não é o mesmo, regula a altura do selim para que consigas pôr os pés no chão mais facilmente.
Opta por uma bicicleta com um quadro rebaixado, geralmente conhecidos como quadros de mulher, que não obriga a levantar muito a perna para subir para a bicicleta.
Se usas a bicicleta como meio de transporte, considera alterar o teu percurso habitual, para que não tenhas de passar por ruas com muito trânsito. Se possível, opta por usar ciclovias.
Pedala mais devagar e organiza os teus horários para poderes demorar o teu tempo a chegar ao destino.
Se pedalares com chuva ou vento, toma precauções extra para evitar quedas. Se as condições meteorológicas forem mais agrestes, evita pedalar de todo.
Não te esqueças de levar sempre água e uma bolsa com todas as tuas informações médicas e contactos de emergência.
Acima de tudo, há que escutar o que o corpo nos diz. Cada mulher e cada gravidez é diferente, e por muito que se goste de andar de bicicleta, deve prevalecer o bom-senso. Se sentes que é arriscado, coloca a bicicleta de lado até o bebé nascer. Se te sentes confortável e retiras benefícios de pedalar nem que seja uns minutos por dia, porque não?
Descobrir a bicicleta quando já se é adulto pode ser um momento de transformação. É uma fonte inesgotável de diversão e dá-nos uma incrível liberdade, além de proporcionar um meio de transporte alternativo e barato e ainda exercício físico constante. É por todas estas razões que apresentar a bicicleta aos elementos seniores da família pode ser um dos melhores presentes que lhes damos. Aqui ficam algumas dicas para incentivar os nossos pais e avós a usarem mais a bicicleta no seu dia a dia.
Transformar os passeios em eventos de família
Antes de mais, é preciso tornar a bicicleta apelativa. Se estamos a falar dos nossos pais ou avós, então é provável que eles apreciem passar algum tempo de qualidade com a família, com os filhos e netos, e pedalar juntos pode proporcionar momentos muito aprazíveis. Um pequeno passeio de bicicleta pelo campo em família pode ser um ótimo ponto de partida e algo que se pode planear em conjunto.
Realçar os benefícios para a saúde
Assim que se conseguir gerar algum interesse relativamente à bicicleta, ou convencê-los dar uma voltinha para tomar o gosto, a melhor forma de motivar os mais velhos a usar a bicicleta é falar dos benefícios para a saúde. Os estudos têm mostrado de forma consistente que o exercício físico regular é a melhor forma de reduzir o risco de doenças como a obesidade, a diabetes, doenças cardíacas e muitas outras condições neurodegenerativas. Pedalar regularmente também ajuda a manter a saúde mental. E a melhor parte é que não há idade para se começar a pedalar nem é preciso nenhuma inscrição num ginásio ou algo do género. Não só é uma atividade que pode ser feita ao ritmo de cada um, como progressivamente vai melhorando a mobilidade e a saúde das articulações.
Apresentar a bicicleta dobrável como opção
Outro grande benefício das bicicletas é a liberdade que elas proporcionam. Andar de bicicleta é o meio de transporte mais rápido em muitas cidades e permite explorar uma área muito maior em comparação com andar a pé. E as bicicletas dobráveis oferecem ainda mais liberdade. São muito fáceis de montar e desmontar e permitem parar onde se quiser, dobrar a bicicleta e usar um transporte público de regresso a para casa, o que é muito conveniente em caso de cansaço ou mesmo em dias de chuva intensa. As bicicletas dobráveis também são muito conveniente para fazer o percurso diário para o trabalho, pois facilmente podem ser levadas para o escritório sem haver a preocupação de ter de procurar lugar para estacionar.
Explicar as questões básicas de segurança
Sem querer retirar o prazer de uma voltinha descontraída de bicicleta, convém assegurar que os nossos pais ou avós conhecem as regras básicas de segurança para andar de bicicleta em ambientes onde se irão cruzar com mais pessoas. É normal sentir alguma ansiedade ao início, mas em breve a sensação de desconforto será ultrapassada. Será bom recapitular as noções básicas de condução em estrada e até mesmo nas ciclovias, para que estejam preparados para qualquer circunstância. E nada melhor do que fazer algumas experiências de passeios curtos, antes de se aventurarem em percursos mais longos, para se familiarizarem com as mudanças, com a travagem, a sinalização de viragem, etc. Nada como começar devagar. É importante que nas primeiras experiências se sintam seguros, que se divirtam e que não acabem o passeio cansados.
Sugerir uma bicicleta elétrica
Se um dos principais obstáculos ao uso da bicicleta é o queixume de que se está demasiado velho para pedalar, que não se sentem em forma ou que é muito cansativo tentar fazer um passeio mais longo de bicicleta, então nada melhor que sacar do trunfo - porque não experimentar uma bicicleta elétrica? As bicicletas com assistência elétrica permitem vencer o medo das subidas e facilitam bastante o ato de pedalar quando não se tem muita energia nas pernas. E o melhor de tudo é que, mesmo com essa ajudinha, continuam a fazer exercício e a apanhar ar, o que é ótimo para o corpo e para a mente. Com uma bicicleta elétrica não há como recusarem participar nos passeios de família.
Banco montado sobre a roda traseira
É uma imagem clássica, a criança sentada numa cadeirinha a olhar para as costas do pai ou da mãe, que vai a conduzir a bicicleta. A cadeira montada por cima da roda traseira é uma das formas mais populares de transportar crianças pequenas. Mas é um facto que desta forma as crianças têm uma visibilidade limitada da paisagem, tendo de virar a cabeça de um lado para o outro para poderem ver o mundo em redor. Esta solução pode também não ser a melhor para o pai ou mãe que conduz a bicicleta, pois é mais difícil controlar o peso da bicicleta (que fica todo na parte de trás), correndo o risco de se desequilibrar. Fixar este mesmo tipo de banco no quadro, em vez de por cima da roda traseira, permite que a criança fique sentada à frente, e desta forma é mais fácil manter o equilíbrio enquanto se conduz. Deste modo, os miúdos não só ficam seguros, como podem apreciar melhor a paisagem.
Banco sobre a roda dianteira
É verdade que qualquer criança delira ao ver os seus filmes preferidos na televisão. Mas certamente que a maioria sabe também que ver o mundo a partir de uma bicicleta é bastante emocionante, proporcionando diversão e vistas espetaculares. E para tal, nada melhor do que ter uma vista privilegiada, mesmo na frente da bicicleta. É verdade que o facto de se ir na frente pode implicar engolir uma ou outra mosca. E, em caso de queda, a criança pode ser a primeira a ir ao chão. É preciso ainda ter cuidado porque, no caso de crianças mais crescidas, as pernas podem começar a tocar nas rodas, e obviamente isso não é desejável. No final de contas, esta é seguramente uma boa opção, desde que não se descurem os procedimentos de segurança.
Atrelado
Esta é, de todas, a alternativa que se afigura mais confortável e segura, quer para a criança, quer para o adulto que conduz a bicicleta. Talvez não seja a mais limpa, é certo, já que o atrelado segue mais junto ao chão e, por isso, pode haver mais poeira ou respingos de lama do que o desejável. Outra potencial desvantagem é que o atrelado ocupa algum espaço em termos de largura e, muitas vezes, as cidades não estão preparadas para bicicletas com este tipo de apêndice - nas ciclovias, por exemplo, muitas vezes não há largura suficiente para uma viagem sem percalços. No trânsito, é preciso ter especial cuidado, e procurar uma distância maior em relação aos carros, o que nem sempre é tarefa fácil. Nestes casos, será sempre preferível procurar rotas mais tranquilas e menos congestionadas.
Ainda se lembra, como se fosse ontem, da primeira vez que conseguiu andar sozinho de bicicleta? Os anos passam depressa e agora chegou a hora de passar essa habilidade à próxima geração. Hoje em dia existem novos métodos e estratégias que facilitam em muito o processo. O seu pequenote vai descobrir um novo mundo maravilhoso.
1. Bicicleta de equilíbrio (Balance Bike)
É possível começar a ensinar crianças a usar uma destas bicicletas logo a partir dos dois anos e meio de idade. As Balance Bikes ajudam as crianças a entender os conceitos de equilíbrio e de direção. No início, as crianças ainda dependem muito do apoio dos pés, como quando andam. Lentamente, a pouco e pouco, comece a levantar a altura do selim a cada lição, para que a criança precise de levantar os calcanhares do chão ao montar. Diga-lhe para levantar os joelhos e deixar os pés balançarem um pouco no ar. Verá o quão rápido a criança ganhará a capacidade se se equilibrar, podendo começar a fazer pequenos passeios.
2. Bicicleta com rodinhas
Algumas pessoas saltam esta etapa, por a considerarem redundante; no entanto, há uma razão importante para lhe dar o benefício da dúvida e experimentar pelo menos por algum tempo. Com as rodas laterais, as crianças aprenderão a fazer girar os pedais como numa bicicleta real com menos esforço, e sem o risco de embaterem em algum obstáculo ou mesmo de caírem.
3. De volta à Balanced Bike
Nesta fase, a criança já deverá saber pedalar. Deve recordar-lhe, no entanto, a importância de manter o equilíbrio. Antes de retirar as rodas de treino, deixe-a andar novamente na Balance Bike durante algum tempo para recuperar a confiança.
Esta é a verdadeira sensação de pedalar, incluindo andar em linha reta e pedalar. Como os primeiros passeios na bicicleta de criança são geralmente desajeitados, torne-os seguros usando um bastão preso ao espigão do selim. Pode reutilizar um bastão de caminhada, usando uma parte para prender ao espigão. Não só ajudará as crianças a manter a direção, mas também pode abrandar a velocidade nas primeiras descidas, puxando a cinta da ponta do bastão - crianças também precisam de aprender a travar, uma tarefa que pode levar algum tempo a dominar. Ao ensinar a criança a pedalar, também pode recorrer a uma pequena mentira - não se preocupe, não contamos a ninguém. A criança vai confiar em si enquanto a segura com um bastão preso à bicicleta. Assegure-se de que tem o controlo e que segura a criança com firmeza, mas deixe-a ir sozinha a dada altura, sem lhe dizer que a largou, claro. Verá o progresso que a criança fez e ela ficará surpreendida por perceber que já consegue pedalar sozinha. Finalmente, agora consegue andar de bicicleta sem qualquer ajuda!
Aprender a andar de bicicleta é um ritual de passagem para qualquer criança - ainda que o processo possa, na verdade, ser mais assustador para os pais. De qualquer forma, uma vez que uma criança aprenda a pedalar, essa atividade pode tornar-se uma forma divertida e saudável de pais e filhos passarem tempo juntos.
É comum ver as mães e os pais a envolverem-se, por vezes até excessivamente, nas atividades desportivas dos filhos. desde levar as crianças aos treinos a fazer claque nas bancadas quando há um jogo ou uma prova, este acompanhamento dos pais é positivo, com conta, peso e medida. Afinal, não há nada de errado na competição, quando esta é saudável. Então, como transpomos esse acompanhamento saudável para o mundo do ciclismo, nomeadamente, quando as nossas crianças começam a dar as primeiras pedaladas, e começam a querer ir mais longe com as suas bicicletas? Como se pode ser uma mamã ou um papá ciclista de excelência?
A segurança primeiro
Quando a criança se sentir mais confiante em cima da bicicleta, talvez o maior desafio para os pais seja mantê-la em segurança. Nem queira saber como vai ser quando estiver ao volante de um carro! Para já, refreie a ansiedade e preocupe- se apenas com a bicicleta. E tome nota das questões básicas de segurança. A maioria dos pais levará a segurança a sério em qualquer circunstância, mas aqueles que usam a bicicleta com frequência - ou que praticam mesmo ciclismo ¬- elevam a responsabilidade a uma arte:
1) "Usar capacete" é o mantra destes pais, certificando-se sempre de este se encaixa perfeitamente na cabeça da criança e que é do tamanho adequado.
2) Acreditam que nunca se é demasiado novo para aprender as regras da estrada, e por isso incutem desde muito cedo as noções básicas de condução de uma bicicleta e de segurança rodoviária.
3) Garantem sempre que a criança usa roupa clara ou de cores vivas quando conduz uma bicicleta na estrada, de forma a estar visível aos condutores.
Uma oportunidade de partir à aventura
Quando esses conceitos básicos forem interiorizados, o mundo é realmente um local incrível para partir à aventura em duas rodas. Ou, pelo menos, pode-se começar por umas voltas pelo quarteirão no bairro onde se vive, e ir progressivamente explorando novas possibilidades. Embora as ruas mais tranquilas, sem trânsito, possam ser bons locais para aprender a andar de bicicleta, quando as crianças já souberem pedalar com mais confiança os pais podem começar a pensar em fazer alguns percursos mais extensos. Existem ciclovias e ecopistas por todo o país, que não só permitem passeios no meio da natureza, como são boas opções para pedalar em família, sem carros em redor. Por isso, pedalar com as crianças representa uma excelente oportunidade de passar bons momentos em família, reforçar laços, descobrir novos locais e proporcionar aos mais pequenos experiências diferentes do habitual. E, deste modo, os pais e mães podem também dar largas à sua faceta mais aventureira.
Fazer parte do processo
Enquanto noutras atividades desportivas os pais ficam, geralmente, a assistir nas bancadas, com a bicicleta o caso é diferente. Porque pais e filhos podem pedalar juntos, e descobrir novos percursos juntos. Assim, os pais participam ativamente no processo de descoberta e de aprendizagem. As memórias criadas nesses momentos serão das melhores coisas que, mais tarde, já adultas, as crianças irão recordar.
Mulheres: uma atitude positiva
Não é incomum que muitas mulheres se sintam mais confiantes e seguras de si e dos seus corpos quando andam regularmente de bicicleta. Isto, tanto antes como depois de terem filhos. E talvez seja essa melhor parte de ser ao mesmo tempo mãe e ciclista: a capacidade de manter sempre uma atitude positiva. Afinal, andar de bicicleta é uma questão de autossatisfação. Na maioria das vezes, não se trata de competir nem de treinar. Embora isso também possa ser divertido, claro está. Andar de bicicleta tem a ver com passar um bom bocado, viajar, ter saúde, estar em forma e passar tempo com as pessoas de quem se gosta. O principal é a pessoa sentir-se bem consigo mesma, e usar a bicicleta como mais uma estratégia para potenciar bons momentos com a família. As crianças vão seguramente agradecer.